Anualmente os muçulmanos celebram o Ramadã. Um mês de muita espiritualidade, onde a religião e a devoção se intensificam para todos os fiéis, a fim de celebrar o período em que Deus revelou os primeiros versículos do Alcorão, o livro sagrado, ao Profeta Muhammad. Este ano, o evento religioso deverá ser celebrado entre os dias 13 de abril e 12 de maio. Podendo ainda variar a data em um ou dois dias de acordo com a lua crescente.
Devido a pandemia de covid-19, este será o segundo ano com restrições na comemoração. A tradicional visita à mesquita para adoração e a reunião familiar serão adiadas para um bem maior. “O alcorão ressalta que devemos nos proteger, assegurar nossos familiares e os próximos”, ressalta o Sheik do Centro de Divulgação do Islã para América Latina (CDIAL), Yuri Youssef Hassan Ansare.
Porém, as ações solidárias e de fé devem acontecer de forma on-line. Na mesquita de São Bernardo do Campo todo o dinheiro que seria investido no Eid al Fit – um grande evento para comemorar o fim do jejum. E será revertido em caridade e somado ao Zakat, um dos cinco pilares da religião, sendo eles:
- Shahada: Testemunhar que não existe outra divindade a não ser Allah (Deus) e Mohamad – que a paz e a benção de Deus esteja sobre ele – é seu mensageiro
- Salah: Rezar cinco vezes ao dia voltado à Meca;
- Zakat: Um imposto a ser pago aos necessitados;
- Saum: Jejum;
- Haj: Aquele que tem condições físicas e financeiras devem fazer a peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida.
Restrições afetam todo o mundo
As restrições acontecem em todo o mundo, inclusive na Grande Mesquita de Meca, localizada na Arábia Saudita. As autoridades locais decretaram, no início de abril deste ano, que somente 150 mil pessoas (100 mil fiéis e 50 mil peregrinos) terão permissão para realizar a oração – Umrah. De acordo com o Ministério de Assuntos Islâmicos, Orientação e Dawah as permissões da Umrah serão concedidas aos peregrinos vacinados com 65 anos ou mais. As solicitações dos demais fiéis devem ser realizadas através do aplicativo Tawakkalna.
Tradição ativa
Para manter a tradição de união ativa, os muçulmanos têm se reinventado na celebração. Carima Orra, influenciadora digital, pedagoga e mãe de três meninos, comemora com sua família a quebra do jejum quando inicia e termina o período do Ramadã. Para conhecimento, os muçulmanos, durante esta época, só podem se alimentar e beber quando o sol se põe e antes do sol nascer.
“As crianças não são obrigadas a cumprir o Ramadã. Mas é imprescindível que elas entendam a importância do jejum (Saum), das orações, enfim, é a nossa cultura”, comenta Carima Orra.
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A influenciadora digital e empreendedora, Mariam Chami, também falou um pouco das tradições. “O Ramadã é algo muito além da reunião familiar. É um momento de evolução da fé e de lembrar das pessoas que já partiram, inclusive do meu pai que faleceu em 2014. Tínhamos a tradição de realizar um jantar de quebra de jejum, principalmente, para contribuir com sua devoção. Mas, em virtude da pandemia, há dois anos que não comemoramos e sinto muita falta”, relata Mariam. Num momento de descontração, Mariam confessa ser fã de doces e, quando possível, sempre prepara algumas receitas especiais para o período.
A quebra do jejum deve acontecer com Tâmara ou água, mas o jantar inclui no cardápio sopa, alimentos Halal (permitido para consumo do muçulmano) variados e muitos doces.
Muçulmanos
Atualmente, há no mundo 1.8 bilhão de muçulmanos. De acordo com a Pew Research Center, a previsão é que em 2060 esta população atinja 3 bilhões fieis. E os países que mais terão muçulmanos serão: Índia (333 milhões), Paquistão (283,6 milhões), Nigéria (283,1), Indonésia (253,4 milhões) e Bangladesh (181,8 milhões).