Ney Latorraca, ator e diretor, morre aos 80 anos

Ney Latorraca
Foto: TV Globo / Estevam Avellar

O dia de hoje começou de forma triste para os amantes da televisão e da arte da dramaturgia. Isso porque o ator e diretor Ney Latorraca faleceu na manhã de hoje no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o dia 20 deste mês na Clínica São Vicente, por conta de um câncer e faleceu em decorrência de uma sepse pulmonar.

O ator foi diagnosticado com um câncer de próstata em 2019, e na época foi operado e retirou a próstata. Mas em agosto deste ano, a doença voltou já com metástase. (Quando o câncer se espalha por um ou mais membros do corpo humano).

Ney Latorraca deixa o marido, o ator Edi Botelho com quem foi casado por 30 anos. O corpo do ator será velado nesta sexta feira, dia 27 de dezembro no Foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Entre as 10h30 e 13h30, a cerimônia de despedida será aberta ao público, em seguida o corpo segue para o crematório em uma cerimônia restrita à família e amigos.

“Ator já nasce ator. Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver. Sempre fui uma criança diferente das outras: às vezes, eu tinha que dormir cedo porque não havia o que comer em casa. Então, até hoje, para mim, estou no lucro”, disse o ator em depoimento ao Memória Globo.

A carreira de Ney Latorraca

Ney Latorraca nasceu em Santos, no dia 25 de julho de 1944. Os pais eram artistas. O pai – Alfredo – era cantor e crooner (cantor) de boates e sua mãe – Tomaza – era corista.

Parte de sua infância passou em São Paulo, e parte no Rio de Janeiro, até que voltou para Santos para prestar o exame no Instituto de Educação Canadá. Nesta escola, ele formou com um grupo de amigos a banda Eldorado.

Já em São Paulo, Ney Latorraca participou da peça “Reportagem de um tempo mau”, com direção de Plínio Marcos , no Teatro Arena. Mas por conta da ditadura militar, a peça não chegou a entrar em cartaz. Sua estreia no teatro aconteceu, de fato, em 1964 em uma peça de escola chamada “Pluft, o fantasminha”. Na época, o ator tinha 19 anos e o sucesso da montagem fez com que a peça ganhasse fama fora dos muros da Instituto de Educação Canadá.

Foi em 1969, que Ney estreou na televisão, na novela chamada “Super Plá” da extinta TV Tupi, e também estreou no cinema em “Audácia, a fúria dos trópicos.” Pouco tempo depois, trabalhou na TV Cultura e na TV Record. Sua estreia na TV Globo aconteceu em 1975, na novela “Escalada”, onde ele contracenou com Tarcísio Meira e Susana Vieira. Já ao lado da atriz Vera Fischer, Ney interpretou uma cena de estupro na novela “Coração Alado” de 1980, a primeira novela das 20h. No folhetim em questão, estavam também no elencoTarcísio Meira, Débora Duarte e Walmor Chagas.

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Em 1990, ele trabalhou no SBT na novela “Brasileiras e brasileiros”, mas no ano seguinte voltou à TV Globo, e viveu um de seus personagens mais marcantes da televisão brasileira: Vlad, na novela “Vamp”. Mas claro que o ator também deu vida a outros personagens tão marcantes quanto Vlad durante toda a sua carreira. Inclusive, na novela “Um sonho a mais” de 1985, Ney Latorraca fez seis papéis.

“Pensei que fosse enlouquecer. Virei o versátil da Globo. Com essa história de versátil é que dancei mesmo. Comecei a fazer de tudo: sapatear, plantar bananeira, subir, descer, fazer árvore, jacaré, vampiro. Mas é bom ser versátil. Você não fica carimbado”, afirmou o ator em depoimento ao Memória Globo.

Na novela “Estupido Cupido”, exibida entre 1976 e 1977, Ney Latorraca deu vida ao personagem Mederiquis, fã de Elvis Presley e líder da banda de rock Personélitis Bóis. Mas a princípio, o ator não queria interpretar o papel em questão e quase desistiu, mas após uma conversa com a produção sobre o figurino do personagem, ele aceitou o papel.

“Eu estava com 33 anos e interpretava um cara de 17. Queria abandonar, não ia mais fazer. Me botaram de peruca, todo maquiado. Quando me vi caracterizado como o personagem, falei: ‘Estou parecendo um macaco’. Falei que ficava com uma condição: ‘Quero escolher meu figurino’. Me vesti todo de preto, sem maquiagem alguma, e pedi uma lambreta preta. Batizei-a de Brigite”, contou. “Virou um grande sucesso, estourou mesmo. Fizeram história em quadrinhos, chiclete, figurinha – e eu era uma das figurinhas mais difíceis”.

O ator deixa um legado imenso na dramaturgia, em seu currículo constam 23 longa metragens, 13 peças teatrais e diversas novelas. Só na TV Globo ele esteve presente em 18 novelas, seis minisséries e oito seriados.