Peça “O Cão de Kafka” estreia em formato inovador e interativo

O Cão De Kafka
Foto: Divulgação

Que a pandemia mudou muito o mundo, além das formas de entretenimento e de fazer as coisas no geral, não é segredo para ninguém. Mas na próxima sexta-feira, a peça teatral “O Cão de Kafka” estreia em um formato inédito e interativo e fica no ar até dia 23 desse mês.

A peça é inspirada na obra “Investigações De Um Cão” de Franz Kafka. Tem a concepção e a direção por Marcya Harco e o ator Paulo Drumond como protagonista da peça. O inédito dessa peça, é que ela pode ser conferida de duas formas. Uma linear e que será através do YouTube e outra completamente inédita e com interatividade através da plataforma Eko Studio.

Os ingressos – para ambos os tipos de apresentação – são disponibilizadas pelo Sympla. Caso o espectador opte pela versão interativa da peça, isso acontecerá através de elementos gráficos que aparecerão na tela. O que pode ser feito, por enquanto, é mudar o ângulo da câmera, induzir uma ação do protagonista ou até mesmo mudar o som da cena.

Roteiro de “O Cão de Kafka”

A encenação é baseada em trechos da obra de Kafka, na qual o personagem principal, um cão, conta para a sua plateia algumas experiências marcantes. Em épocas variadas de sua vida, desde a infância até a velhice. Essa plateia, o público, é referida pelo cão como a sua própria comunidade de cães. Como um cientista, um pesquisador, ele realiza uma análise metafísica e existencial de seu estado. Recorre a indagações sobre a origem do alimento no mundo, levantando questões sobre a fome, a arte, a cultura e a natureza das coisas. 

Entremeando e interferindo nessa narrativa, por meio de elementos dramáticos e performativos, a encenação vai suscitando, imagética e sonoramente, momentos que são, sensações, sonhos, perturbações, angústias, dores, alegrias de infância do personagem. 

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A presença do animal faz parte de muitas obras de Kafka. A metamorfose e o devir estão presentes nela. Neste espetáculo, é possível entrar em devir entre o ator e o animal cão, convidando os espectadores a “performar” mentalmente e reelaborar a sua poética em um processo de devir-animal, deixando de lado sua forma vital, captando o vislumbre do dinamismo do animal em uma visão intuitivamente estética. O ator Paulo Drumond entra em devir-cão, um limiar fronteiriço entre o distanciamento e a aproximação com o animal.

Em O Cão de Kafka, o público é convidado ao universo dos devires, não como contemplador em passividade, mas como vivenciador de uma experiência significativa, participando do ato criativo em devir, como um norte para o entendimento de si mesmo e do outro, seja animal, vegetal ou mineral.