Na manhã de hoje uma notícia surpreendente deixou o país em luto, especialmente no jornalismo brasileiro: o icônico jornalista Cid Moreira faleceu na manhã de hoje aos 97 anos, recém completados. Ele estava internado em um hospital de Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Mas essa informação não era pública.
Segundo sua esposa, Cid Moreira estava internado para tratar um problema renal crônico decorrente de uma pneumonia. Ela explicou que optou por manter a internação em “segredo” para preservar a privacidade do apresentador, e que apesar de saber das complicações da idade dele, ela ainda esperava que ele voltasse para casa.
“Não contei pra ninguém para manter a privacidade dele, esperando que ele fosse voltar para casa. Fiz meu melhor como ser humano. Temos quase 25 anos juntos, não é brincadeira, é uma história e tanto. Sei da idade dele, mas sempre falava que queria mais um pouquinho. Ele sempre falava que estava cansado, que os últimos anos tinham sido difíceis. O rim, o problema crônico, que cansa a pessoa, a máquina faz um trabalho maravilhoso, mas não é o seu órgão. Ele estava lúcido até o fim.”, afirmou Fátima Sampaio, viúva de Cid Moreira.
Fátima afirmou que Cid Moreira queria ser enterrado em Taubaté, perto de sua primeira esposa, da filha e do neto que já faleceram. Ela conversou com os parentes do locutor e jornalista e ainda vão decidir como fazer a despedida.
O médico responsável pelo tratamento de Cid Moreira nos últimos dias, Dr. Nélio Gomes Júnior, conversou com a apresentadora Patrícia Poeta durante o Encontro de hoje, logo após a divulgação do falecimento do apresentador, para falar sobre a saúde dele.
Dr. Nélio afirmou que fica contente por ter estado perto do jornalista nesses últimos 29 dias de vida, e por ter presenciado um ambiente de carinho muito grande entre ele e a esposa. Falou também sobre o quando o jornalista e locutor tinha esperança de voltar pra casa apesar da saúde fragilizada.
“Fico contente por ter participado desses últimos 29 dias da vida dele e ter vivenciado um ambiente de carinho enorme entre ele e a Fátima. Parabéns, Fátima pela resiliência e presença, você foi extremamente importante nos últimos dias. É o que a gente faz quando a gente ama. […] Pude conviver com ele nesses 29 dias, tivemos momentos de esperança, ele queria voltar para casa. Dizia: ‘Vamos, menino, brincar de casinha por mais um dia'”.
Sobre o quadro de saúde de Cid Moreira, o médico afirmou que ele já fazia diálise por conta de um quadro de insuficiência renal crônica, e que teve uma infecção provavelmente causada pela diálise prolongada. O apresentador tinha também uma certa dificuldade para andar, por conta de uma certa atrofia muscular.
A carreira de Cid Moreira
Cid Moreira nasceu em Taubaté, São Paulo no ano de 1927. No último domingo, ele completou 97 anos. Sua carreira começou na rádio no ano de 1944, descoberto por um amigo que o incentivou a fazer testes de locução.
Entre 1944 e 1949, Cid Moreira foi responsável por narrar alguns comerciais, até que se mudou para São Paulo, para trabalhar na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade. Mas foi em 1951 que ele se mudou para o Rio de Janeiro e foi contrato pela Rádio Mayrink Veiga. Lá, entre os anos de 1951 e 1956, ele teve as suas primeiras experiências na televisão, ao apresentar comerciais ao vivo.
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No ano de 1963, teve a sua estreia como locutor de noticiários no Jornal de Vanguarda no Rio de Janeiro, e nos anos seguintes passou por diversas emissoras com o mesmo programa, e sua carreira foi ficando cada vez mais consolidada.
Em 1969, Cid Moreira voltou à Globo para substituir Luís Jatobá no “Jornal da Globo” que na época ia ao ar por volta das 19h45. Mas no mesmo ano, foi escalado para trabalhar no recém lançado Jornal Nacional, que na época era o primeiro telejornal a ser transmitido em rede para o Brasil inteiro.
Durante longos 26 anos, Cid Moreira foi o rosto do Jornal Nacional, e o seu “boa noite” diário com certeza marcou a televisão brasileira. Paralelo ao Jornal Nacional, o locutor também esteve no dominical Fantástico revezando com outros apresentadores. Em 1999, ele narrou o famoso quadro do mágico Mr. M, que foi um grande sucesso do dominical. Sua voz ficou tão ligada ao quadro, que no ano seguinte Cid entrevistou o ilusionista quando ele veio ao Brasil.
A partir da década de 1990, Cid Moreira passou a se dedicar à gravação de salmos bíblicos e em 2011, realizou a gravação da Bíblia na íntegra. Projeto esse que aliás, tornou-se um enorme sucesso de vendas.
Em 2010, a biografia de Cid escrita por sua esposa Fátima, foi lançada. E inclusive, foi durante a Copa do Mundo daquele ano que ele gravou a famosa vinheta “Jabulaaaani!”, para o Fantástico, e outros programas esportivos da emissora para cobertura do maior evento de futebol de mundo.
Até o momento não foram divulgados os horários e locais de velório e sepultamento, e se serão abertos ou não ao público.