Gabriela Kulaif é uma atriz brasileira que se mudou para os Estados Unidos. Ela sempre quis ser atriz, mas se formou em Publicidade e Propaganda aqui no Brasil e por ter tido um filho muito jovem, trabalhou na área até se estabelecer. Quando tinha 27 anos e seu filho tinha apenas 7, ela decidiu se aventurar e mudar de país. Entre muitos trabalhos, o último lançamento chamado de “BitterSweet”, onde ela como protagonista conta a história da sua família. O filme está sendo exibido em diversos festivais nos Estados Unidos e ao redor do mundo. Gabriela inclusive foi indicada ao prêmio de melhor atriz e produtora em alguns desses festivais. Confira a entrevista completa abaixo.
News On Demand: Gabriela, tudo bem? Primeiramente, muito obrigada por nos conceder essa entrevista. Conta pra gente como foi a sua mudança do Brasil para os EUA com apenas 27 anos e um filho de 7 anos? Como a sua família reagiu a sua mudança?
Gabriela Kulaif: Olá! A minha mudança para os US foi uma aventura, tive que pedir demissão da agência (de publicidade) que trabalhava, devolver meu apto, vender meu carro, fora as emoções de deixar tudo e todos para traz e vir com meu filho para um país que não conhecia quase ninguém. Minha família não me apoiou muito, ficaram um pouco perplexos e levou alguns anos para aceitarem minha decisão, os primeiros 2 anos foram super difíceis, mas eu faria tudo de novo.
News On Demand: Como foi o processo de criação de um filme baseado na história da sua própria família?
Gabriela Kulaif: Meu marido é americano e trabalha com cinema desde os 18 anos, ele é roteirista, ator, diretor e músico. E por ser autista tem um hiper-foco em tudo ligado a cinema, ele já tinha feito alguns filmes e atuado em outros, inclusive alguns que foram baseados na vida pessoal dele. Quando passamos por essa situação dramática ele se inspirou e escreveu “BitterSweet”.
News On Demand: Seu marido ficou proibido de ir para casa durante um período por conta de uma crise, que depois vocês descobriram estar ligada ao autismo. Como foi esse período? Você teve alguma ajuda dos órgãos americanos?
Gabriela Kulaif: Esse período foi um dos mais difíceis da minha vida, eu não entendia o que estava acontecendo pois ele ainda não tinha o diagnóstico do autismo, foi um pesadelo. O governo americano se envolver depois de meu marido ter tido um “meltdown” e a polícia aparecer em casa e levar ele. O sistema americano de uma forma nos deu suporte sim, mas infelizmente não estava preparado para lidar com uma pessoa com autismo, o próprio diagnóstico só foi dado ao meu marido por uma terapeuta que ele teve depois de toda a confusão que passamos. Os terapeutas que ele teve ligados ao sistema, não souberam dar esse diagnóstico.
News On Demand: Atualmente o filme está sendo exibido em diversos festivais cinematográficos. Como está sendo a recepção? Tem uma data prevista para estreia do filme nos cinemas brasileiros?
Gabriela Kualif: Está sendo maravilhoso ter esse feedback tão positivo agora que o filme está chegando a essa audiência de festivais e sendo escolhido e até ganhando alguns prêmios! Até agora não caiu a ficha que fui indicada como melhor atriz e produtora em alguns festivais! O filme vai ser lançado esse ano no Brasil, estamos com uma distribuidora já, mas ainda não temos a data exata.
News On Demand: Você comentou que o filme ajudou no processo de cura da sua família, no sentido de entender o diagnóstico de autismo e aprender a lidar com ele. Acredita que o filme pode ajudar outras famílias a lidarem de uma outra forma com o diagnóstico?
Gabriela Kulaif: Sim, esse é o objetivo. Já tive o feedback de algumas pessoas com familiares ou pessoas próximas com autismo que assistiram o filme e me disseram que se emocionaram muito e que esperam que outras famílias com autismo tenham acesso ao filme.
News On Demand: Qual a sensação de contar a história da sua família de uma forma tão ampla e tão intimista ao mesmo tempo? E como é para você assistir a história da sua família, tendo você como atriz protagonista e seu esposo como diretor do longa?
Gabriela Kulaif: São várias emoções rsrsrsrs desde quando li o roteiro, existiam partes que eram difíceis de ler pois a ferida ainda estava aberta, confesso até que pulei algumas partes. Já na filmagem o clima foi totalmente diferente, pois na hora que eu comecei a atuar no papel da Gigi eu consegui na maior parte separar a personagem de mim, existiram apenas alguns momentos que não deu e a emoção vinha a tona mas sinto que esses momentos são partes super fortes do filme.
Quando assisti o primeiro corte do filme fiquei deprimida por uns dias pois realizei que aquela história forte que assisti na tela tinha acontecido comigo. Mas os próximos cortes e o corte final trouxeram mais leveza para o filme que acabou virando mais uma comédia romântica.

News On Demand: Você comentou também que gostaria de atuar aqui no Brasil. Você pensa nessa possiblidade em um filme brasileiro ou em um projeto mais longo, por exemplo uma novela?
Gabriela Kulaif: Sim! Adoraria trabalhar no Brasil e aproveitar essa desculpa para ficar perto dos meus amigos e família.
News On Demand: Quando o filme estrear no Brasil, você e sua família pretendem vir para a pré-estreia / estreia?
Gabriela Kulaif: Lógico!!!!!
News On Demand: Pode compartilhar conosco sobre projetos futuros?
Gabriela Kulaif: Estamos com 3 projetos, um filme que passa na Itália, com eu e Steven de protagonista. A continuação de “BitterSweet” que a Gigi numa crise existencial vai para Paris. E um outro roteiro, que é um casal que está reavaliando anos de casamento dentro de uma “Ikea” que é como uma loja “Tok Stock”e cada cena acontece dentro de uma sala diferente como se fosse a casa deles.
News On Demand: Qual o conselho você daria para quem quer começar na área da atuação?
Gabriela Kulaif: Faça aula de teatro! Todos deviam fazer, mesmo quem não quer atuar! É uma terapia, trabalha corpo, emoções, e da as ferramentas e técnicas para poder desempenhar um bom papel.