O dia 30 de maio é o dia mundial da Esclerose Múltipla, doença inflamatória crônica que gera danos nas células do sistema nervoso, os neurônios. A perda de função dessas células acarreta o surgimento de sintomas característicos, como: perda de sensibilidade, formigamento, dormência, fraqueza muscular, dificuldade de locomoção, tremores, problemas visuais, problemas cognitivos, entre outros.
Cerca de 85% dos casos de esclerose múltipla é conhecida como surto-remissão ou remitente-recorrente, devido aos chamados surtos que melhoram após o tratamento (ou espontaneamente). Geralmente ocorre nos primeiros anos da doença que podem ter recuperação completa ou deixar sequelas.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde de 2013, a esclerose múltipla (EM) é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central, afetando o cérebro e a medula espinhal. Atualmente, 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo têm EM.
Estima-se que no Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com a doença, que costuma acometer frequentemente adultos jovens na faixa etária entre os 20 e 50 anos e idade, principalmente mulheres. A doença é causada por uma combinação de fatores, incluindo predisposição genética e fatores ambientais, tais como infecções virais, deficiência de vitamina D, tabagismo e obesidade.
Segundo o neurocirurgião do Hospital das Clínicas, Dr Kleber Duarte, a Esclerose Múltipla pode causar dor, perda de funções e de habilidade. Sem cura, pode ser progressiva e demanda muitos anos de tratamento.
O médico explica que existem alguns sintomas decorrentes da Esclerose Múltipla que vão demandar um tratamento especializado. Há a possibilidade de surgir um tremor que pode ser intenso e difícil de tratar. “Já tivemos que operar pessoas com Esclerose Mutipla que apresentaram esse tremor. O surgimento da tecnologia de ultrassom focado, o HI-FU, permite que a interrupção das vias nervosas que causam o tremor possa ser realizada sem invadir o crânio. É um grande avanço no tratamento para essas pessoas.”
Outra queixa importante é a dor na face provocada pela neuralgia do nervo trigêmeo, explica o especialista. “Às vezes a medicação não é o suficiente para controlar os sintomas e procedimentos podem ser realizados, principalmente a ablação do gânglio do nervo, através da punção com uma agulha e eletrodo e aplicação guiada de radiofrequência. Este procedimento pode ser feito usando-se técnica de neuronavegação guiada por tomografia e ressonância magnética. A radiocirurgia também pode ser usada nestes casos. Portanto, há diversas opções de tratamento e todas devem ser pensadas em conjunto: médico, paciente e família.”
Os tratamentos medicamentosos disponíveis para Esclerose Múltipla buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos, contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidades durante a vida do paciente. De acordo com o neurocirurgião, não há um único tratamento que sirva para todos os sintomas. As possibilidades de tratamentos praticadas em vários países, que têm embasamento científico e comprovação clínica, estão aprovadas pela ANVISA e disponíveis no Brasil. O intuito da ciência é desenvolver melhores tratamentos, para oferecer conforto e alívio dos sintomas. “Neste quesito houve grandes progressos, avanços no tratamento, visando não somente o controle, mas também focando na possibilidade de cura.
Mesmo não havendo cura para Esclerose Multipla, os tratamentos disponíveis podem modificar o curso da doença e certos cuidados são essenciais para manter a qualidade de vida. “ “Quando recebemos notícias de novos tratamentos ou terapias, temos que nos atentar que nem tudo serve para todos. Os tratamentos são diversificados e diferentes porque as pessoas e suas doenças também o são”, explica o médico.
Alguns cuidados como Descansar quando em fadiga, realizar atividade física regularmente, manter a alimentação saudável e equilibrada, evitar situações exageradas de estresse e calor excessivo ajudam na qualidade de vida. Os neurologistas e neurocirurgiões que se dedicam a este assunto têm muito a acrescentar. “ Tenho pacientes muito bem controlados e com mínimos sintomas e sequelas, mesmo após décadas de diagnóstico, com tratamento bem conduzido. Fazer acompanhamento com um bom médico e uma escolha adequada de tratamento, de forma individualizada, faz diferença no bem estar dos pacientes”, afirma o neurocirurgião.