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Conheça Ana Xisdê, primeira jurada brasileira no Esports Awards

Ana Xisdê

Foto: Divulgação

Ana Xisdê é uma influenciadora gamer que já surpreendeu em vários quesitos e foi pioneira também. Uma vez que foi considerada a melhor caster de 2019 pelo Prêmio Esports Brasil, é a primeira brasileira a apresentar um campeonato internacional de Overwatch em Inglês. É também comentarista da Overwatch League em português, foi apresentadora da Brasil Game Show em 2019 e é também comentarista na Free Fire Pro League.

O seu canal do youtube conta com 82,4 mil inscritos e mais de 1,5 milhão de visualizações. Nós do News On Demand, conversamos com ela com exclusividade sobre sua carreira, sobre esse universo que infelizmente ainda é majoritariamente masculino, lazer x profissional e mais.

Confira abaixo a entrevista completa com Ana Xisdê

News On Demand: Ana, tudo bem? Em primeiro lugar, muito obrigada por esse bate papo. Conta pra gente, um pouquinho sobre como você entrou no universo gamer e o que esperava.

Ana Xisdê: Eu sempre fui gamer por influência do meu pai, que é tecnólogo e me colocava para testar internet, jogos e alguns avanços tecnológicos ao ver meu interesse pelo assunto. Mas apesar desse contato constante, eu nunca olhei para os jogos como uma possibilidade de carreira. Isso aconteceu pela primeira vez quando eu estava frustrada com minha carreira tradicional dentro da pedagogia e queria ir atrás de algo que fosse uma paixão minha, aí sim os jogos passaram a ser uma possibilidade. Com isso, eu mantive meu trabalho como professora enquanto estudava e ia atrás de oportunidades amadoras no esporte eletrônico e assim que percebi que poderia viver disso, eu fiz a transição por completo. Acabei encontrando exatamente o que eu esperava. Algo que eu de fato amasse fazer e que mesmo com problemas e dificuldades, que toda profissão tem, valeria a pena por ser uma paixão.

NOD: Como é para você ser a primeira jurada brasileira no Esports Awards?

AX: É uma conquista e uma responsabilidade. Ter esse reconhecimento internacional é um sonho que muitos, porém ainda são poucos brasileiros que têm a oportunidade de conquistá-lo. E exatamente nesse sentido que sei o quão especial é essa oportunidade, que esse reconhecimento que consegui agora vem com a possibilidade de trazer reconhecimento para outras pessoas. É muito especial saber que se pode representar seu próprio país de uma forma tão única e cada nome que defendo para ser reconhecido dentro da premiação são nomes que crescem em um país potência, com números gigantes e que só cresce nos Esports. É incontestável que o Brasil precisava de alguém para poder falar com propriedade sobre tudo isso.

O universo dos games

NOD: Considerando que esse, ainda é infelizmente, um universo majoritariamente masculino, como é para você lidar com as situações dentro dos jogos? Como por exemplo, preconceito, julgamentos, críticas e às vezes até xingamentos?

AX: Eu passei muito tempo da minha vida usando nome neutro dentro dos jogos, então evitei muito dessa parte por conta dessa escolha. Hoje não preciso mais fazer isso por ser uma pessoa reconhecida dentro do cenário gamer no geral e também por estar mais madura e preparada para passar pelas situações. É triste saber as coisas que fiz e/ou deixei de fazer para poder lidar com isso e que existem tantas mulheres por aí que também precisam se limitar para ter um ambiente mais saudável nos jogos, mas é crescendo dentro desse meio que a gente constrói nosso espaço. Não são todas que possuem a força para lutarem, mas é por todas que cada uma de nós está aqui. Sou uma dessas batalhadores, sempre mostrando que sou mulher e entendo do que estou falando.

Ana Xisdê fala sobre entretenimento x profissão

NOD: Sabemos também, que de um tempo para cá os games passaram de puro entretenimento para profissão. Pode comentar um pouco sobre isso também?

AX: Na verdade, os jogos são entretenimento e profissão já há muito tempo, porém pouco se falava sobre o assunto por ser algo bastante nichado para um público que ainda era visto dentro de um estereótipo. Hoje, é possível perceber que os jogos são de fato um entretenimento, um entretenimento ativo, em que você é um fator dentro da sua própria diversão e por isso eles são tão cativantes para todo tipo de pessoa, ainda mais na realidade que estamos inseridos hoje. E é por ser reconhecido como um entretenimento de fato, alcançando tantas pessoas, que se transformou em todo um mercado com novas e renovando antigas profissões.

Hoje podemos ter psicólogos especializados em Esports, jornalistas, analistas, narradores, jogadores, juízes, empreendedores, criadores de conteúdo, músicos e tantos outros. Eu acredito que muito de tudo isso vem da renovação constante que as desenvolvedoras precisam fazer para manter seu jogo relevante e interessante, criando músicas, fazendo parcerias com artistas, criando grandes competições, trabalhando com streamers e criadores de conteúdo, todo esse ecossistema que foi criado faz dos jogos um mercado muito bem sucedido e que ainda está longe de parar por aí.

Começando na carreira

NOD: Se pudesse dar um conselho para quem ta começando agora, qual seria?

AX: Costumo dar três conselhos principais: 1 – Ame o que você faz, trabalhar com isso não é fácil, são muitas horas de dedicação e alguns desafios que são próprios desse ambiente, é preciso realmente gostar para ter força em seguir em frente;

2 – Seja visto, quer ser jogador? Participe de campeonatos! Quer escrever sobre o assunto? Faça um blog, escreva matérias e publique! Quer ser treinador? Se grave analisando jogos, enfim, é muito importante criar as próprias oportunidades e não esperar cair no colo e é nesse sentido também que vem meu último conselho;

3 – Não há atalhos, saiba que cada um deve trilhar seu próprio caminho, mesmo que existam sim pessoas que podem te ajudar e oportunidades que você vai buscar, para alcançar isso é preciso ir atrás por si próprio, não pedindo ajuda, mas sim mostrando seu trabalho nos momentos que lhe caber, estar inserido dentro da comunidade e batalhar para estar preparado para o que vier.

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